Poema: Amarelo radioativo: a cor que caiu do espaço, por Janilson Fialho
Amarelo radioativo: a cor que caiu do espaço
Me compadeço
Do pobre sertanejo,
Pois de sua representação de mundo
Agora eu vejo.
Sim! Esse brejeiro do Planalto da borborema
Vai além da representação individual kantiana
E superando a falta de compaixão nietzschiana,
Enxergando o (com)um que há no problema.
Portanto, afirmo:
Me compadeço
Do pobre sertanejo,
Pois de sua representação de mundo
Agora eu vejo.
Agora sei de sua dor,
Por olhar a vastidão celeste de uma cor
Que pela teoria e por definição
deveria ela ser fria como expressão,
Mas veja a contradição:
O azul da vastidão
Abre alas para o amarelo da radiação,
Descendo do alto até nós como uma flagelação,
Portanto, volto a entoar:
Me compadeço
Do pobre sertanejo,
Pois de sua representação de mundo
Agora eu vejo.
Do conto lovecraftiano não temos clareza
De qual cor opressora ela seja,
Mas dessa cegueira contemplativa de beleza
O retrato do horror está na incerteza.
Antes de irmos para as profundezas do fim,
Deve-se dizer mais e em contraposição
Ao que foi dito por mim
A respeito da ficção:
Na vida real temos a certeza
Que o amarelo radioativo não vem da pureza,
O amarelo que cega é para nós
"A cor que caiu do espaço" sem dó.
Esse amarelo-manga (anti)natural
— que deixa a gente doente, bruto e mal —
É fruto podre do aquecimento dos poderosos
Do imperial econômico capital.
Os abutres desejam uma pilha de ossos
Do que seu império reduzir à destroços.
Prometem reverter a situação,
Mas a promessa não muda a ação.
Resta somente uma coisa a se fazer:
Unir para desfazer.
A ação nasce de uma coisa neste caso:
Resta somente uma coisa a se fazer:
Unir para desfazer.
A ação nasce de uma coisa neste caso:
Ver e sentir o mundo como outro.
— Portanto:
Me compadeço
Do pobre sertanejo,
Pois de sua representação de mundo
Agora eu vejo.
__ Janilson Fialho (25/10/2023)
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