Comentário: sobre as duas frases da conferência "O que é isto - A Filosofia?", de Heidegger, por Janilson Fialho

Comentário: sobre as duas frases da conferência "O que é isto - A Filosofia?", de Heidegger

Por Janilson Fialho

Temos duas frases a comentar desta pequena obra do filósofo alemão Martin Heidegger, elas são:

"Por isso, somente podemos levantar a questão: que é isto - a filosofia, se começarmos um diálogo com o pensamento do mundo grego" (P. 30); e "A resposta à questão: que é isto - a filosofia, consiste no fato de correspondermos aquilo para onde a filosofia está à caminho. E isto é: o ser do ente" (P. 35).

Heidegger escolheu um caminho a partir da origem grega do termo Filosofia, não por um motivo vão, mas porque, segundo ele, essa origem nos traz peculiaridades absolutamente relevantes e reveladoras, afinal, para Heidegger, a palavra grega “filosofia” nos liga a uma tradição histórica, mas que não é somente uma tradição, isto é, que não nos seja somente uma prisão do passado de maneira irrevogável; deste modo, o sentido grego que a filosofia procura é justamente o que é o ente enquanto é. A filosofia é portanto, por esse caminho grego, encontrar o ser do ente, isto é, o caminho do ente sob o ponto de vista do ser.

A filosofia é uma espécie de competência capaz de perscrutar o ente do ponto de vista do que ele é enquanto ente. Em seu sentido grego, a filosofia procura o que é o ente enquanto é.

Heidegger diz que a Filosofia é a correspondência propriamente assumida em um processo de desenvolvimento que corresponde ao apelo do ser do ente. A resposta à questão ao “Que é isto – a filosofia?”, consiste no fato de corresponderem àquilo para onde a filosofia está caminhando, isto é, para o ser do ente. Com isto, vemos que o Responder é um Corresponder. Não encontramos a resposta à questão, que é a filosofia, através de definições de filosofia propostas ao longo da história, mas por meio do diálogo com aquilo que se nos transmitiu como ser do ente. Este caminho tem como diálogo a destruição, que não tem aqui o significado de romper ou negar a história, mas o de se apropriar dela e transformá-la.

Portanto, destruir significa tornar livre os nossos ouvidos para aquilo que na tradição do ser do ente nos inspira, é um libertar para a liberdade do diálogo com o que foi e continua sendo.

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