A essência da escultura invisível
A ESSÊNCIA DA ESCULTURA INVISÍVEL
Por Janilson Fialho
O conceito da escultura invisível, do artista italiano Salvatore Garau, é interessante, mas só o conceito. Para esta discussão vamos excluir certos apontamentos sobre a obra, como a história e a decisão dela ser puramente mercenária, como também o alarido midiático dos jornais.
Ora, é interessante pensar que uma escultura invisível faz sentido ao ser humano, afinal somos seres que abstraem coisas metafísicas. Pense bem, você, assim como eu, acredita em Deus, por exemplo, um ser além da física; portanto, você não o vê, não o toca, não o ouve. Vamos para algo prático do dia a dia, como o dinheiro, ele algo valorativo apenas ao humano, isto é, você atribui valor a um pedaço de papel colorido. Você enxerga significado em símbolos, em acontecimentos. O que são os números senão uma abstração humana, qual outro animal é capaz de pensar em álgebra. Uma estátua invisível só existe porque você acredita nela e pode imaginá-la, ou melhor, você atribui um valor existencial a ela, assim como faz a essas outras coisas valorativas.
Uma estátua invisível é igual a música, por exemplo, pois a música não existe puramente em um plano material, ela vive em um limbo da não-existência, e ela só passa a existir para o mundo material por meio de um musicista que a toca; do mesmo modo é essa estátua, ela só existe porque alguém a imagina. Posso pensar então que ela é uma idéia-pura-não-materializada, e a idéia dessa obra é simplesmente utilizar o outro como chave de mediação que a materializa assim como a música faz, ou seja, o observador é como um agente adicional (para além do apenas observar e fruir) ao conjuto total da idéia-pura-não-materializada para materializá-la em um plano de existência ainda metafísico, porém, que só é percebido, isto é, que ganha forma somente com a atenção do sujeito que a observa.
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