Resenha: Civilização do espetáculo, Mario Vargas Llosa.
Civilização do espetáculo, do escritor peruano Mario Vargas Llosa, vencedor do prémio Nobel em 2010.
Llosa é conhecido no meio político por sua postura conservadora (afaste o estereótipo do conservador brasileiro burro e sem noção). Mesmo com uma escrita elegante, o autor carrega uma certa acidez, principalmente sobre assuntos da cultura "pop", sim, ele é bastante enfático e propagador de uma cultura culta, e que pode soar bastante elitista.Civilização do espetáculo é a reunião de seis ensaios que o autor publicou no jornal El País. De início ele pode fazer você lembrar da obra do sociólogo Z. Bauman, ela é uma crítica direcionada a transformação da cultura em uma plastificação decadente, e enfatiza a queda da cultura livresca. Llosa diz que a figura do intelectual (filósofos, escritores e cientistas) perdeu espaço na mídia para figuras "popularescas".
Discordo de muita coisa que Llosa escreve, principalmente quando é sobre cinema, arte e música (na música ele parece um T. Adorno). O autor usa um parâmetro como "medidor" de decadência, e diz que a sociedade contemporânea está confusa por terem na maior parte das estantes das livrarias livros dedicados a teoria de classes (quem que diria ele seria crítico disso, né? Um elitista puro) e de gênero (ele tem um profundo desprezo por M. Foucault).
Llosa é contra, por exemplo, a sociedade ter suspeitas das autoridades, quando a crítica é vinda de um progressista (no caso Foucault). Ele tem a própria visão de erotismo, que eu achei muito interessante, até mesmo por citar um pensador bem relevante nesse assunto, que é o escritor francês George Bataille. Llosa critica a postura de bufão do pensador contemporâneo por meio da mídia. Ele também faz críticas a religião, mas também reconhece a importância dela na vida das pessoas e para a cultura. E enaltece (até demais) o ocidente como um exemplo de cultura democrática e elevada.
É uma excelente leitura, você extrai coisas boas, e também vai discordar de muita coisa dele. Recomendo demais esse livro.
Escrito por Janilson Fialho
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