Poema: Por uma fruição egoísta
Por uma fruição egoísta
Por Janilson Fialho
Pela conectividade excessiva
Ainda pode capturar o fenômeno
Desvelado gratuitamente,
Mas tu contempla o belo
Por lentes digitais.
Substituísse a paleta de cores reais
Pelo filtro e o efeito
Que tu julgas melhor e combina mais
Com a estética do momento,
Com a Tag que estão usando,
Com o que estão comentando.
A conectividade virtual moldou o ser-no-mundo
E vejo que a experiência já não é no mundo,
A nova metafísica é negar a fruição do real
Ao desejo carente e a aceitação virtual;
Constato: parece que o interesse não está mais
Na coisa em si, mas no compartilhar.
Tua sensação reside não no contemplar
Daquilo que a natureza ou a arte dispõe,
Mas em teu perfil ter que atualizar,
Conquistar engajamento no algoritmo,
Registrar ao seguidor o belo e suas sensações
É uma nova necessidade existencial.
O pôr do sol, o céu nublado, a lua
O arco-íris, a chuva, a arte...
São mais compartilhadas
Do que sentidas e admiradas;
Desde quando a silenciosa fruição deu lugar
Ao querer compartilhar?
Desviamos o belo que nos fora ofertado
Ao seguidor como conteúdo para engajar;
Me inquieta a questão que irei expressar:
Quando abandonamos a fruição real
Pela vaidade virtual?
O que houve com o ver e o sentir?
Por Janilson Fialho
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