O existencialismo é um niilismo e não um humanismo
O existencialismo é um niilismo e não um humanismo
Por Janilson Fialho
Eis o que podemos dizer o que é praticamente um "resumo" do existencialismo de Sartre:
— "Tudo o que existe nasce sem motivo, se prolonga por fraqueza e tem um encontro com a morte."
— "Por definição a existência não é necessária. Existir é apenas 'estar lá'".
Estas palavras estão no documentário "Sartre par lui même" (1976) e são originariamente da obra "A Náusea", do mesmo autor. Como o título já define, essa é a sensação, segundo o filósofo, que o sujeito sente após a gratuidade de sua existência e sua total falta de sentido que há nisso tudo.
Cabe dizer que, primeiramente, isso é uma ideia tenebrosa. Mesmo que Sartre venha em sua obra "O existencialismo é um humanismo" com a pretensão de tentar afastar dos leitores o sentimento pessimista e niilista que há no fundo de sua ideia, posso dizer que é uma tentativa em vão, porque, convenhamos, isso não funciona de modo algum depois que sua obra abre uma ferida existencial no psicológico do indivíduo.
Deste modo, o existencialismo continua sendo uma filosofia pessimista e niilista em qualquer chave de leitura, pois tal desvelamento da coisa em si da existência é o nada como um fim último ao Ser. Mais ainda, saber dessa contingência só leva ao desencanto da vida e a uma sensação impotente perante a tudo. Mas eu observo os efeitos nos indivíduos que acatam esse tipo de pensamento, vejo neles os efeitos sendo im cinismo e pessimismo somando-se a um ateísmo geral.
No fim, essa visão humanista, que tenta se afastar da visão de existência aos moldes de um Ivan Karamázov, de Dostoiévski — precisamente, naquela frase do personagem: "Se Deus não existe, logo tudo é permitido" — ainda tem uma prerrogativa ética e responsável, portanto, é algo que tenta dar uma razão própria a existência com base nas próprias escolhas; já que, como pensa o autor, não temos uma essência, "Deus", cabe a mim ter a liberdade e a permissão, mesmo que condenatória, de escolher o que quero ser. No entanto, veja que isto de estar condenado a escolher não afasta de si o desespero de tal ideia. Aliás, me dou o luxo de seguir sua filosofia do desencanto somente para olhar ela mesma, o existencialismo — este abismo — com desencanto também, ou seja, olho para ela (da mesma forma que Sartre olha para essência ou qualquer metafísica) e não acredito que tal ideia seja verdadeira, isto é, que "a existência precede a essência".
Contudo, a "Náusea" continua sendo ser mais sincera a "essência" (na questão do sentimento) do existencialismo do que a obra que citamos em contraponto, "O existencialismo é um humanismo". É isso que considero, essa filosofia é niilista em seu todo, mas o autor em contraposição tentou dar uma aparência menos horrível com a ideia de humanismo.
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