Comentário ao texto sobre o Didascálicon de Hugo de São Vítor, por Janilson Fialho

COMENTÁRIO AO TEXTO SOBRE O DIDASCÁLICON DE HUGO DE SÃO VITOR

Por Janilson Fialho

O seguinte comentário é sobre Hugo de São Vítor, o qual foi um autor de uma vasta obra, onde temos o seu famoso "Didascálicon – Da arte de ler", que é considerado um verdadeiro currículo dos estudos medievais. Pelo que pude entender, esta obra é composta por seis livros, que estão divididos em duas partes. Conforme escreve o próprio Hugo no Prefácio, a primeira parte é destinada a dar instruções aos leitores sobre as artes e a segunda é sobre os livros divinos. No entanto, o propósito de ambas as partes da obra tem como finalidade procurar prescrever aos leitores uma disciplina de vida; contudo, "Da arte de ler", tem como objetivo algo que ultrapassa a mera demonstração das ideias e da normatividade, ou seja, esta obra se reveste de uma verdadeira disciplina moral, que aliás, o próprio Hugo afirma que tal disciplina é a humildade.

Agora, portanto, posso dizer o que mais me chamou atenção neste texto, em especial, foram as regras e ensinamentos que procuram, ao mesmo tempo, relacionar com a já citada humildade, eles estão destacados em três, que, segundo Hugo, são bastante importante ao estudante, como: “1) primeiro, não reputar de pouco valor nenhuma ciência e nenhum escrito; 2) segundo, não ter vergonha de aprender de qualquer um, 3) terceiro, não desprezar os outros depois de ter alcançado o saber”. Ora, considero tais ensinamentos como algo basilar no aprendizado.

Pude ver também que ele cita as divisões da filosofia, ou seja, suas funções e seus principais representantes, até aí tudo bem, mas o que me chamou atenção mesmo foi quando é mencionado sobre as normas necessárias a um correto estudo, por exemplo, como deve ser a ordem da leitura, ou o modo correto de ler, a importância da memória, a dedicação à pesquisa, a análise minuciosa. Por fim, é dito até o final desse livro, que Hugo aborda, as questões de como a disciplina moral, a sobriedade, a reflexão e como manter um método adequado de aprendizagem pensando também naqueles que não possuem o discernimento para compreender para ser o mais proveitoso nos estudos. Tudo isso que foi citado me chamou atenção para ter contato com a obra, e é claro, conhecer e avaliar suas ideias.

Por fim, outra coisa que me chamou atenção, foi o exercício da "força natural da alma", o engenho, assim chamado por ele, por ser aquele que acontece através de duas atividades: a leitura e a meditação. Dentre outras coisas, há as normas para as atividades que exercitam o nosso engenho natural, também chamada no texto de “regra da moderação ou do bom senso”, ou como é citado: “O engenho nasce da natureza, melhora com o uso, se idiotiza com o trabalho desmedido, se aguça com o exercício moderado” (Da arte de ler, III, Cap. 7, p. 146-147). Ele diz nesta citação que nossa inteligência, e a memória, precisam ser estimuladas com atividades que advém da leitura e da meditação. No entanto, a noção de justa medida se faz presente aqui e, portanto, a ponderação dos nossos atos é fundamental não só na nossa conduta de vida, mas também na nossa capacidade de entender e de memorizar. Por isso, o exercício melhora a força natural que temos para “conhecer”, mas feito de forma desmedida apenas nos idiotiza. Além do que ele diz a respeito a respeito do resumir, mostrando que tal atividade é capaz de extrair do texto o que lhe dá sustentação e isso deve ser não só guardado na memória como revisitado frequentemente para que não se perca.

No mais, digo apenas que este autor me despertou uma grande curiosidade, e por hora só destaco apenas isso neste comentário. Contudo, encerro o texto com esta citação sábia e bastante sóbria de Hugo: “Por isso, aconselho a você, estudante, a não alegrar-se excessivamente por ler muitas coisas, mas por entender muitas coisas, e não somente entender, mas poder memorizar. Do contrário, não adianta ler muito nem entender muito” (Da arte de ler, III, Cap. 11, p. 152-153).

Referência:

NOGUEIRA, Maria Simone Marinho. O Didascálicon de Hugo de São Vítor – Regras de leitura enquanto normas de vida. Mirabilia 16 (2013/1).

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