Sobre a arte e o dinheiro: do simbolismo a ideologia, por Janilson Fialho

Sobre a arte e o dinheiro: do simbolismo a ideologia 

Por Janilson Fialho

O dinheiro é uma metáfora, pois é um objeto que representa um valor simbólico, ou seja, o dinheiro não tem valor intrínseco em si mesmo, mas é aceito como um meio de troca por bens e serviços. Qualquer objeto pode ter valor, se você convencer os outros de que aquilo tem valor.

Vamos para além do dinheiro, eu fico me perguntando, se caso eu usasse um cordão cujo pingente fosse um lacre de uma latinha reciclada, eu seria visto como um mendigo, ou um mero artesão, por fazer do lixo um "artesanato", se eu tentasse vender esse cordão, ele seria visto como algo fútil ou até sem valor. Mas se fosse uma marca com um nome internacional vendendo o mesmo cordão com pingente de lacre de latinha, ou seja, praticamente o mesmo produto que o meu? O resultado seria diferente do meu, pois ganharia o status de "arte", e com certeza as pessoas seriam convencidas de comprar e de usar.

Vamos voltar ao dinheiro, hoje tem gente sendo convencida a investir dinheiro em um dinheiro criado por uma fonte desconhecida e que é bastante volátil. Como você é convencido a apostar o seu dinheiro em uma moeda instável? Pela mesma lógica do convencimento. Aí entra os coachs financeiros com seus cursinhos e falsas promessas.

O que é o dinheiro senão o circuito ideológico inserido nele. De uma perspectiva crítica, dizemos que o dinheiro não tem um valor intrínseco em si mesmo, mas é uma construção social que reflete os valores ideológicos da sociedade em que é usado.

Em outras palavras, o dinheiro é uma ferramenta criada para representar o valor, não apenas dos bens e serviços, mas de uma "ideologia" subjacente moldada por crenças e valores culturais que sustentam a sociedade. Sendo assim, ela uma forma de controle social que afeta a maneira como as pessoas interagem umas com as outras e com o mundo ao seu redor. E a arte faz parte, não em si mas corrompida, desse processo social. É como disse o poeta e ensaísta mexicano, Octavio Paz: "Quem domina o dinheiro, domina a estética; quem domina a estética, domina o sensível; e quem tem o sensível nas mãos, tem tudo".

Essa visão mercadológica capitalista transforma a arte, e a cultura em geral, em uma mera mercadoria, ou podemos olhá-la de uma maneira mais profana: O dinheiro transforma a arte em prostituta.

Essa famosa frase foi dita pelo artista Pablo Picasso. Ela significa que quando a arte é feita para ganhar dinheiro em vez de ser uma expressão criativa e autêntica, ela perde sua integridade e se torna uma forma de entretenimento comercial. Em outras palavras, a arte se torna prostituta quando é feita apenas por dinheiro e não por amor à arte em si.

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