Comentário: sobre ter o que se deseja para ser feliz, segundo Santo Agostinho, por Janilson Fialho

Comentário: sobre ter o que se deseja para ser feliz, segundo Santo Agostinho

Por Janilson Fialho

Comecemos este comentário perguntando: quem tem o que quer será feliz? A resposta é não!

O homem é mais infeliz quando deseja algo que não convém do que quando não tem o que deseja, e por conseguinte não ter o que se deseja ainda o deixa infeliz.

Agostinho retoma alguns resultados obtidos até então na sua análise (no seu livro Sobre a Vida Feliz) e constata que:

1) ninguém pode ser feliz sem possuir o que deseja;

2) possuir o que se deseja não é garantia de felicidade. Eis aqui um impasse.

Já que a felicidade deve conter um bem do qual sua existência depende, faz-se necessário que esse bem não seja mutável, que não desapareça para garantir a existência da felicidade: “Se alguém quiser ser feliz, deverá procurar um bem permanente, que não lhe possa ser retirado em algum revés de sorte” (AGOSTINHO, II, 11).

Para ser verdadeiramente feliz, afirma Agostinho, não se pode temer perder a felicidade. A vida que se norteia pela posse de bens frágeis, perecíveis, não pode ser feliz, porque se tem medo de perder a felicidade e, pelo fato de as coisas relativas serem marcadas pela insaciabilidade e pela incompletude, a posse de bens frágeis nunca será satisfatória: sempre há de se desejar mais, algo além do que se possui.

A única maneira de saciar o desejo e manter sempre a confiança é encontrar um bem imperecível, que no caso é Deus.

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