O sentido originário do filosofar, segundo a concepção heideggeriana, a partir dos conceitos de Physis, Logos e Aletheia

O sentido originário do filosofar, segundo a concepção heideggeriana, a partir dos conceitos de Physis, Logos e Aletheia

Por Janilson Fialho

Segundo a concepção heideggeriana, o sentido do filosofar está intimamente ligado aos conceitos gregos de physis, logos e aletheia.

Comecemos então por dizer que traduzimos o termo Φύσις (physis) por "natureza", mas é preciso que nós nos aproximemos do seu conceito totalmente amplo e mais verdadeiro.

Para que possamos compreender de fato esta palavra na devida significação a qual os "filósofos da natureza" utilizaram, assim dizemos que a physis aponta para a vigência auto-instauradora do ente na totalidade. Portanto, a physis, ou natureza, enquanto este ente na totalidade não é pensada no conceito moderno e nem tardio de natureza, ao invés disso, ela é vista e entendida como sendo a significação originária que contém em si a totalidade do ser do ente.

Dissemos, portanto, que a physis é a vigência total do ente, e dizemos agora que ela pertence ao λόγος (logos), isto é, ao que pode ser traduzido como discurso. O logos, por sua vez, é a razão em que a linguagem permite ao homem compreender o mundo ao seu redor. Sendo assim, existir como homem já significa trazer o vigente à enunciação, e fazendo isso o enunciado é o que se tornou aberto pelo λέγειν (légein), ou seja, pelo dizer. Portanto, a função do légein, ou do dizer, é retirar, ou desencobrir, o vigente do velamento. Esse é o acontecimento que se dá no logos, pois no logos a vigência da physis do ente é descoberta, ou aberta.

No último conceito podemos então começar a explicá-lo por um questionamento: o que significa o fato de logos ser um desencobridor? Ora, pelo fato de haver uma ligação interna entre o conceito contrário de κρύπτειν (krýptein), que significa manter velado ou encobrir, e logos; o logos é o contrário de krýptein, porque este conceito é a ἀλήθεια (aletheia), que significa o verdadeiro, ou o desvelado.

Agora temos uma visão mais clara da conexão intrínseca desses conceitos, que se encontram no interior da filosofia antiga; portanto, a palavra originária physis é a vigência do vigente, e o logos é a palavra que retira esta vigência do velamento. Em outras palavras, a filosofia é a concentração dos sentidos em direção à vigência da totalidade do ente, que traz à expressão aletheia, ao ser-descoberto (à verdade).

A alétheia é o conceito central da filosofia heideggeriana, representando a verdade não como uma proposição ou um fato, mas como um processo de descoberta, porque somente o filosofar cresce a compreensão da verdade que se expressa nesta palavra filosófica original. Heidegger recupera a concepção grega de que a alétheia (verdade) é entendida como uma presa, e que ela precisa ser arrancada do velamento em uma discussão, já que a physis tem justamente a tendência de esconder-se. Vemos, portanto, que para a sabedoria, a physis está em correlação com o logos, e a aletheia, com a verdade no sentido de descobrimento, afinal, vemos que a verdade é a discussão mais intrínseca à essência humana como totalidade do ente, e também que a verdade está conjuntamente enraizada no destino do ser-aí.

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