Capitalismo como Religião
CAPITALISMO COMO RELIGIÃO
Por Janilson Fialho
Inicio tais palavras parafraseando o filósofo Walter Benjamin: "o Capitalismo é uma religião". Dando seguimento então, podemos constatar que que de fato o capitalismo se tornou uma espécie de religião, e é uma religião cultual. E onde acontece o ritual de culto de tal religião para esse deus capital transvestido de Deus Cristão? Na bolsa de valores, é lá a sua igreja. Contudo, aí daquele que fizer uma crítica a esse deus Mamon, vulgo Capitalismo, e aos seus seguidores e acólitos, vulgo burgueses e especuladores, pois serão taxados de hereges, vulgo comunistas, sem ao menos ser isso.
Quando se é dito que o capitalismo é uma religião e no meio do argumento coloca-se a referência ao deus Mamon, que é uma referência bíblica, isto é, algo anterior ao capitalismo, pode-se encontrar aí uma brecha para a fragilização e ao contraponto do argumento alegando que o problema não está no sistema e sim na adoração somente ao dinheiro. De fato, esse deus Mamon, cujo aspecto principal é a adoração ao dinheiro pode ser usado como contraponto, principalmente em questão de cronologia. Porém, estamos usando ele apenas como referência, e mesmo assim de alguma maneira ele pode se correlacionar com o capitalismo, já que esse sistema tem como princípio a sede e a preocupação pelo dinheiro. E dessa forma ele se organizou como uma religião de maneira prática, e a prática nesse sistema não é a oração, é justamente a prática exploratória do trabalho para um único fim, e não é o desenvolvimento humano, mas somente o acúmulo de capital como regente na vida humana. O sujeito não está mais cheio de Deus, mas sim de Capital. É claramente a idéia do escritor russo F. Dostoiévski no conto "O Crocodilo": "princípios econômicos em primeiro lugar".
Princípios econômicos a frente da fraternidade, da fé e da moral. É a transformação materialista de tudo em mercadoria. Faz a caridade, não por ser caridoso, mas vender a imagem de caridoso; a esperança virou produto, não é mais somente a esperança, mas sim comprar esperança; não se fabrica a cura que prolonga a saúde, pois a saúde prolongada diminui as vendas dos remédios; Deus não é mais o "Todo", hoje Deus é somente um meio para o "Todo" que é o sucesso financeiro. Dizem que não há como ser comunista e acreditar em Deus, mas de acordo com o que foi dito acima chegamos a seguinte pergunta: tem como ser capitalista e acreditar em Deus? Se o Deus no capitalismo é mercadoria também, um mero meio para se alcançar bens materiais. Quando se é dito que o capitalismo é uma religião, é porque ele usa a moral dogmática e a ameaça apocalíptica para se proteger e se manter.
De fato, o Capitalismo Neoliberal fez o indivíduo ir além em busca de uma nova moralidade de acordo com o deus capital da igreja econômica, vulgo Mercado Financeiro. Não que o filósofo Friedrich Nietzsche seja um crítico do capitalismo para usarmos aqui, na verdade ele é um crítico da moralidade, por isso que as ideias do Profeta Zaratustra transmitidas por Nietzsche podem caber nessa discussão agora, afinal, uma igreja necessita de uma moral, ou melhor, os homens da igreja econômica do Mercado necessitam de uma moral que justifique suas ações exploratórias e acumulativas. Este novo indivíduo, ou Além-homem, nasceu na modernidade, e superou e matou o Deus Cristão em troca de se tornar o novo deus terreno. Ele agora não é em uma trindade santa metafísica do céu constituída do "Pai, Filho e Espírito Santo", mas sim uma nova trindade terrena do reino econômico: "Burguês, Capital e Mercado".
Tal bicho-de-três-cabeças contaminou a alma das pessoas com a doença materialista chamada de "princípios econômicos em primeiro" lugar. A fé que as pessoas, ou melhor, os pobres de direita, depositam ao deus mercado vem acompanhada do novo voto de pobreza carregado da falta de consciência de classe. O indivíduo sequer consegue se livrar da religião do mercado, tampouco se dá conta do seu fanatismo pelo deus capital.
Comentários
Postar um comentário