1984, de George Orwell (1903 - 1950), é a história de uma sociedade dominada por um governo fascista que usa a manipulação como a principal arma do sistema, que vai do controle do pensamento, até as atitudes das pessoas, e isso só é possível porque elas são vigiadas 24 horas por dia pela figura do Grande Irmão, onde qualquer atitude fora do padrão de comportamento imposto pelo governo pode levá-lo a não existir mais.
A ideologia do governo do Grande Irmão faz as pessoas esquecerem, ou sentirem desprezar, pela própria história e cultura. Para ocultar o apagamento da história e a falta de informação do presente, foi colocado para elas uma falsa idealização do passado, e a censura no presente; o passado era bélico, ou sendo mais específico, uma guerra de escala global (igual à Segunda Guerra mundial, porém com mais explosões atômicas), que eliminou as nações e criou três grandes estados transcontinentais totalitários; e no presente agora segue-se um patriotismo ferrenho, que nada mais é para reforçar a ideologia do partido por meio da doutrina e propaganda, e essa última era muito forte, com cartazes espalhados pelas ruas mostrando uma figura autoritária e suprema exibindo o slogan: “O Grande Irmão está de olho em você”. Diferente das narrativas que o governo fabricou, o slogan era bem verdadeiro graças às “teletelas”. As câmeras estão espalhadas obrigatoriamente nos lugares públicos e nos recantos mais íntimos dos lares, elas são uma espécie de televisor capaz de monitorar, gravar e espionar toda a população.
Posso fazer uma comparação (e até mesmo uma
indicação de leitura) com a obra de um filósofo do século XX chamado Michel
Foucault, a obra se chama "Vigiar e Punir". O livro de Foucault se
trata de como a Justiça deixou de aplicar torturas mortais para buscar a
"correção" dos criminosos. A comparação entre os dois pode ser feita
se trocarmos os personagens, a sociedade encarcerada a céu aberto sob o olhar do
governo vigilante que quer corrigir o seu modo de agir e pensar para algo
"corretamente" (ou "incorretamente" como sugere certos
fascistas atuais).
O livro 1984 é excelente, com uma leitura
bem fluída, que faz dele ser fácil e rápido de ler de uma vez. A qualidade
narrativa da história trás a expressão de um sentimento de agonia no início, e
o desespero é muito forte no final, não só desespero, mas também raiva de
alguns personagens. Contudo, sua mensagem é claramente uma advertência sobre
esses líderes truculentos que desprezam o processo eleitoral democrático e
clamam por governos autoritários. É uma demonstração de como eles entram na
mente das pessoas através do pânico moral, fazendo-as perderem suas qualidades
mais humanas, ou melhor, tornando elas iguais a gado, e o pior é que elas nem
sequer terão consciência que sofreram uma lavagem cerebral por causa do medo.
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